Proposta 3: Cozinha
Criativa
Tema: Boteco
Carioquices
Personalidade:
Leila Diniz
Era um lindo dia, ótimo para ir à
praia, assim pensou uma jovem mulher à espera de sua primeira filha. Ela
escolhe, talvez, seu melhor biquíni para expor sua bela barriga. Afinal, porque
não? Não teria problema se o cenário não fosse Ipanema, bairro da zona sul da então
capital do país, num período marcado pela repressão da ditadura militar no
Brasil em pleno auge na década de 60.
Assim foi Leila Diniz, mulher a frente
de seu tempo, polêmica, atriz talentosa, rosto angelical e cercada de críticas
por quem não aceitasse sua irreverência. Casou-se duas vezes, ambas com
cineastas, fato que a levou a atuar. Causou frisson ao fazer declarações ousadas
e também regadas de palavrões referentes à sua vida pessoal. Suas frases
reveladoras lhe tiraram oportunidades e a receber a “homenagem” de ter seu nome
associado à censura prévia para a TV, o Decreto Leila Diniz.
Mas sua carreira não foi marcada
apenas por discriminações, em sua atuação no filme Todas as Mulheres do Mundo, dirigido por seu primeiro marido,
Domingos de Oliveira, há claras referências ao seu relacionamento com o cineasta
que, além disso, foi um marco na história do cinema nacional, com a citação de
um poema em homenagem à mulher amada. Em resumo, Leila Diniz protagonizou sua
vida de forma leve e inovadora causando revolução por onde andasse. Assim como
toda estrela, sua passagem foi rápida, falecendo aos 27 anos em um acidente de
avião ao retornar da Austrália, carregando o prêmio de melhor atriz com o filme
Mãos Vazias.
Se
não fosse meu o segredo de teu corpo,
Eu gritaria pra todo mundo.
Eu gritaria pra todo mundo.
De
teus cabelos, agrestes, sob os quais faz noite escura,
De tua boca, que é um poço, com um berço no fundo, onde nasci.
De teus dedos, longos como gritos.
Teu corpo, para compreendê-lo é preciso muita convivência...
Teu sexo um rio, onde navego meu barco ao vento de sete paixões.
Longo o caminho, poucos viajantes o percorreram impunimente.
De tua boca, que é um poço, com um berço no fundo, onde nasci.
De teus dedos, longos como gritos.
Teu corpo, para compreendê-lo é preciso muita convivência...
Teu sexo um rio, onde navego meu barco ao vento de sete paixões.
Longo o caminho, poucos viajantes o percorreram impunimente.
E
tua alma?
Tua alma é teu corpo.
Tua alma é teu corpo.
Domingos
de Oliveira.
Mapa Mental:
Caminho escolhido:
Ideia:
Leila Diniz quis apenas
andar de biquíni em Ipanema, mas tornou-se símbolo de liberdade.
Objetivo:
Valorizar a
espontaneidade e prazer femininos, através de seu humor e sensualidade.
Justificativa:
"Sem
discurso nem requerimento, Leila Diniz soltou as mulheres de vinte anos presas
ao tronco de uma especial escravidão." _ Carlos Drummond de Andrade.
Observando
e descobrindo toda a trajetória de Leila Diniz e sua repercussão, descobri que
a atriz não teve nenhuma intenção de mudar os paradigmas de uma sociedade
reservada e calada por sua história. Ela simplesmente nasceu à frente de sua
época e não teve medo algum de ser ela mesma. Foi vítima de uma relação de amor
e ódio pela imprensa, política e por quem a assistisse, vivendo apenas cada um
de seus dias a seu modo. Apesar de nenhum envolvimento de defesa aos direitos
da mulher, até hoje é considerada símbolo feminista por quem relembra sua
história e como consequência disso, tem seu nome estampado em um projeto criado
em 2002, chamado Coletivo Leila Diniz,
que tem como objetivo exatamente aquilo que Leila Diniz soube fazer de melhor:
libertar a mulher de seus próprios preconceitos, dar a ela a opção de escolha,
perder seus pudores e fazê-la pensar como parte do mundo em que habita. Apesar
dos poucos anos de vida, Leila Diniz foi devidamente reconhecida como ícone da
verdadeira beleza da mulher, que é encontrada em sua irreverência,
espontaneidade e autenticidade, tornando-nos únicas e capazes de enxergar o
valor de nossa essência.
Produto:
O prato
de boteco o qual me baseei foi a sacanagem.
Assim como o nome do prato, Leila Diniz foi uma mulher irreverente e não tinha
vergonha alguma de expor sua vida pessoal. A atriz foi uma mulher sensual,
despreocupada de estereótipos alheios e extremamente bem resolvida. Minha ideia
ao usar tal prato é de demonstrar o frescor e a leveza com que Leila tratava
sua vida, pois é interessante que se valorize o comportamento de uma mulher que
ultrapassou seu tempo e dá-la como exemplo às outras mulheres que se sentem
inseguras consigo mesmas.
Cozinha Criativa:
Para os
ingredientes foram escolhidos o tomate doce, azeitona preta, camarão e queijo
bola, cada um representando algo que caracterize bem Leila Diniz. Sereia da
praia de Ipanema, ela encantou quem a visse passar com seu sorriso sedutor e
olhar meigo. E assim, representou radiante a banda de Ipanema, bloco o qual foi eleita Rainha em 1971. Além disso, o maior marco de sua
história, a exposição de sua gravidez, também será relembrado com carinho,
perpetuando seu simbolismo e acentuando a ideia de que assim como Leila Diniz,
nós mulheres devemos simplificar e desmistificar nossas inseguranças, valorizando
o que temos de melhor: nossa autenticidade.
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